Parem de culpar a sacolinha!

Parem de culpar a sacolinha!

Categoria(s): Arquivo

Publicado em 26/02/2014

A luta pela preservação ambiental começou décadas atrás com algumas poucas pessoas preocupadas com o futuro do planeta. Depois de muito trabalho, chegamos a um ponto no qual toda a sociedade é bombardeada diariamente com informações sobre sustentabilidade. A cada ano são criados ícones que representam vilões ambientais, como por exemplo, o chuveiro elétrico, as lâmpadas incandescentes, o copinho descartável e a sacolinha de plástico.

Estes ícones são importantes para conscientizar a população sobre os impactos ambientais das ações do cotidiano, mas é preciso tomar cuidado. Se a informação for passada sem um conteúdo mais profundo, pode dar a sensação de que basta as pessoas deixarem de utilizar a sacolinha de plástico nos supermercados que todo o problema estará resolvido.

Vamos analisar o caso da tão famigerada sacolinha de plástico. Elas podem ser feitas de diversos tipos de plástico, mas o mais comum é o polietileno de alta densidade (PEAD). Uma sacolinha pesa cerca de 6 gramas e pode carregar até 6 quilogramas de produtos em seu interior. Isto quer dizer que a massa do conteúdo é 1000 vezes maior do que do continente. Vamos fazer uma simulação do que pode estar sendo carregado por esta sacolinha:

A terceira coluna calcula as emissões de gases de efeito estufa relativas ao processo produtivo de cada item. Para a produção de uma sacolinha de PEAD, as emissões são da ordem de 0,018 kg de CO2e. Resumindo, neste cenário as emissões do conteúdo da sacolinha são 1500 vezes maiores do que as emissões da fabricação da própria sacolinha.

Os ícones ambientais sempre serão importantes para despertar a população sobre os problemas ambientais. No entanto, informação com conteúdo de qualidade é imprescindível para que cada cidadão entenda melhor seu impacto no planeta e decida quais as melhores maneiras de minimizar o próprio impacto.

O termo sustentabilidade é bastante vago e não agrada muitos especialistas. Leia mais em: O que é desenvolvimento sustentável?

Ricardo Dinato, mestrando do Grupo de Prevenção da Poluição da Escola Politécnica da USP.