Rede Mata Atlântica
O cenário no qual as eleições majoritárias de 2018 acontecem no Brasil é bastante crítico para a gestão ambiental e para as políticas públicas que cuidam de nossa natureza, desenhadas nas últimas décadas.
Graças à Constituição Federal de 1988, a sociedade brasileira estabeleceu um capítulo fundamental para a defesa da vida, presente no artigo 225, que diz em essência:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.
Desde então, o Estado brasileiro constituiu muitos mecanismos de proteção ambiental que garantem o ordenamento do uso do solo em áreas rurais e urbanas, um sistema amplo de áreas protegidas, a Lei da Mata Atlântica, a proteção dos rios e nascentes, a conservação da biodiversidade, a gestão de produtos tóxicos, o licenciamento de atividades de potencial poluidor e muitos mecanismos que promovem a natureza e o seu uso sustentável.
Nem todos os dispositivos definidos no artigo 225 foram implementados, e muitas das legislações que sustentaram a política ambiental nesse período foram flexibilizadas de modo prejudicial ao meio ambiente, a exemplo do Código Florestal, mas vemos que a união, os estados e municípios constituem, hoje, aquilo que chamamos Sistema Nacional de Meio Ambiente, que lidam com o planejamento urbano, atividades minerais, industriais, agricultura e também ecossistemas florestais, savanas, campos e áreas úmidas que integram os biomas brasileiros (Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pantanal Matogrossense e Pampa).
O orçamento aprovado para o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e seus órgãos vinculados em 2018 – como o IBAMA, o Serviço Florestal Brasileiro, o Instituto Chico Mendes, a Agência Nacional das Águas, o Fundo Nacional de Meio Ambiente e o Jardim Botânico do Rio de Janeiro, sofreu uma redução de 12% em relação ao ano anterior. O corte orçamentário agravou a situação de uma área do Estado brasileiro que já enfrenta enormes desafios, fragilidades e pressões políticas que visam a redução de áreas protegidas, flexibilização de licenciamento, liberação da caça de animais silvestres, entre outras propostas que tramitam no legislativo e que podem afetar o que a sociedade mais estima no Brasil, além da cultura – a nossa natureza, representada pelo verde de nossa bandeira.
A fragilidade das estruturas de meio ambiente, imposta nos últimos anos, também se reflete no esvaziamento dos espaços institucionais de participação cidadã, como o Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), o Conselho Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais (CNPCT), a Comissão Nacional de Biodiversidade (CONABIO), entre outros.
É imperativo que a nova gestão federal enfrente esse quadro com mais atenção e recursos, priorizando uma agenda socioambiental que assegure ao país a liderança natural na agenda de conservação e uso sustentável da natureza e de enfrentamento das mudanças climáticas, à altura de sua posição de país mais biodiverso do planeta.
Causa enorme preocupação o fato de a maioria dos candidatos descreverem superficialmente sobre como vão lidar com o meio ambiente. Como agravo, determinado candidato, propôs irresponsavelmente extinguir o Ministério do Meio Ambiente, subordinando-o ao Ministério da Agricultura, para agradar interesses menores de parte do setor rural do país.
E, considerando que:
O cumprimento da legislação ambiental, no que se refere a proteção do Patrimônio Natural brasileiro, representa uma demanda imprescindível para a garantia da qualidade de vida da população brasileira, urbana e rural, da manutenção de condições para atividades agropecuárias e para os demais setores da economia.
A disponibilidade de ampla gama de serviços ecossistêmicos e a atenção sobre nossas áreas naturais como um ativo excepcional para atividades de turismo são um vetor econômico de enorme representatividade, somando-se aos demais objetivos que a agenda de conservação do meio ambiente encerra.
REQUEREMOS aos candidatos à Presidência da República e aos futuros parlamentares o compromisso mínimo, constitucional, com a democracia e a seguinte Agenda:
- Garantir a autonomia do Ministério do Meio Ambiente, evitando toda e qualquer possibilidade de fusão, seja com o Ministério da Agricultura, seja com outra pasta, pelas competências e atributos específicos que essa área requer;
- Fortalecimento das Políticas Públicas de gestão do meio ambiente, incluindo o licenciamento ambiental de projetos de infraestrutura mediante critérios técnicos, com qualidade e rigor científico;
- Manutenção e fortalecimento de políticas públicas de garantia de espaços especialmente protegidos, seja para a conservação da biodiversidade, seja para os territórios indígenas, quilombolas e demais comunidades tradicionais;
- O cumprimento dos acordos internacionais assumidos pelo Brasil relacionados à sociobiodiversidade, à sustentabilidade e á pauta climática, como a conservação e a restauração de florestas, conservação dos ecossistemas costeiros e marinhos e o aperfeiçoamento da nossa matriz energética;
- Proteger a fauna e a flora, evitando a extinção de espécies ou submeter os animais à crueldade, especialmente evitando a caça de animais silvestres, salvo em situações excepcionais já previstas na legislação.
- Seguir investindo na melhoria das instituições que promovem o meio ambiente no Brasil, em todas as instâncias da federação, promovendo a cultura, a economia e a sociedade sustentável em todas as esferas e setores, no âmbito da agricultura, a energia, mineração, indústria e o desenvolvimento rural e urbano, dentre outros.
- O futuro do Brasil, como sabemos, depende do cuidado da sociedade e do Estado com as nossas florestas e rios, com a nossa paisagem e megabiodiversidade, a gestão ambiental efetiva de regiões industriais e a conservação dos recursos da nossa costa e do bioma marinho, e isso se faz com responsabilidade institucional e competência técnica.
Assinam:
REDES
FBES – Fórum Brasileiro de Economia Solidária
FOAESP – Fórum das ONG/AIDS do Estado de São Paulo
Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento – FBOMS
Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal – FNPDA
Observatório do Código Florestal
Rede Ambiental do Piauí – REAPI
Rede Cerrado
Rede de Organizações Não Governamentais da Mata Atlântica – RMA
REDE GTA – Grupo de Trabalho Amazônico
Rede MangueMar
Rede Mosaicos de Áreas Protegidas – REMAP
Reserva da Biosfera da Mata Atlântica – RBMA
INSTITUIÇÕES
Abraço Animal
ACAPRA – Associação Catarinense de Proteção aos Animais
MGDA – Movimento Gaúcho de Defesa Animal
ATPA – Associação Torrense de Proteção aos Animais União pela Vida
Instituto Técnico de Educação e Controle Animal – ITEC
Aldeias Infantis SOS Brasil
Aliança Pró-Biodiversidade – APB
AMPARA Animal
ANDA – Agência de Notícias de Direitos Animais
APROMAC – Associação de Proteção ao Meio Ambiente
AQUASIS – Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos
ASPOAN – Associação Potiguar Amigos da Natureza
Associação Ambiental Voz da Natureza
Associação Ambientalista Copaíba
Associação Civil Alternativa Terrazul
Associação Conservação da Vida Silvestre – WCS Brasil
Associação Cunhambebe da Ilha Anchieta-ACIA
Associação de Defesa do Meio Ambiente de Araucária – AMAR
Associação de Pescadores e Amigos do rio Paraíba do Sul – Projeto Piabanha
Associação de Portadores de Deficiência Física e Doenças Crônicas dos Municípios de Miguel Pereira e Paty do Alferes
Associação de Proteção Animal e Ambiental Tribuna Animal
Associação Defensores da Terra
Associação dos Criadores de Abelhas Nativas e Exóticas do Médio Paraíba, Sul, Centro-Sul e Baixada Fluminense
Associação Ecológica Força Verde
Associação em Defesa do Rio Paraná, Afluentes e Mata Ciliar-APOENA
Associação Flora Brasil
Associação MarBrasil
Associação Mata Ciliar
Associação Mico-Leão-Dourado-AMLD
Associação Mineira de Defesa do Ambiente – AMDA
Associação Onçafari
Associação para a Conservação das Aves do Brasil – SAVE Brasil
Associação para a Gestão Sócio-Ambiental do Triângulo Mineiro-ANGÁ
Associação Planeta d’O
Centro Brasil de Saúde Global
Centro de Desenvolvimento Agroecológico do Extremo Sul da Bahia-Terra Viva
Centro de Educação Ambiental São Bartolomeu – CEASB
Cineclube Socioambiental “EM PROL DA VIDA”
Clímax Brasil
Comissão Ilha Ativa-CIA
Cooperativa dos Produtores Agroextrativistas do Bailique – Amazonbai
Crescente Fértil-Projetos Ambientais, Culturais e de Comunicação
ECOA – Ecologia & Ação
Engajamundo
FAOS-SP – Federação das Associações, Organizações Não-Governamentais, Sociedades Protetoras dos Animais, e Sindicatos de Profissionais da Proteção Animal do Estado de São Paulo
Freeland Brasil
FunBEA – Fundo Brasileiro de Educação Ambiental
Fundação Brasil Cidadão – FBC
Fundação Vitória Amazônica (FVA)
Gestos-Soropositividade, Comunicação e Gênero (Recife-zap)
Grupo Ambientalista da Bahia-GAMBÁ
Grupo de Desenvolvimento Humano e Ambiental Instituto Goiamum
Grupo de Estudos em Educação e Meio Ambiente
Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável no Brasil – GT SC Agenda 2030
Grupo de Voluntários para Valorização da Vida Animal
Grupo Ecológico Rio das Contas – GERC
Grupo Pau-Campeche – GPC
Hachi Ong -Proteção Animal
Idesam (Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia)
IGRÉ Associação Socio-ambientalista
ING-Instituto Os Guardiões da Natureza
Iniciativa Verde The Green Initiative
Instituto Ambiental Conservacionista 5º Elemento
Instituto Augusto Carneiro
Instituto Centro de Vida – ICV
Instituto de Permacultura e Ecovilas da Mata Atlântica
Instituto de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental – SPVS
Instituto Ecoar para a Cidadania
Instituto Floresta Viva
Instituto Mira-Serra
Instituto Socioambiental – ISA
International Energy Initiative – IEI Brasil
IPÊ-Instituto de Pesquisas Ecológicas
ITPA – Instituto Terra de Preservação Ambiental
Laboratório de Gestão de Serviços Ambientais da UFMG – LAGESA
Mater Natura – Instituto de Estudos Ambientais
MOVE-Movimento Verde
Movimento Crueldade Nunca Mais
Núcleo Sócio Ambiental Araçá-piranga
Oficina Escola de Lutheria da Amazônia – OELA
ONG Oceânica – Educação e Pesquisa
PROAM- Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental
Programa de Estudo, Manejo e Conservação do Bicho-preguiça
Projeto Hospitais Saudáveis
Projeto Saúde e Alegria
RBCV- Reserva da Biosfera do Cinturão Verde de São Paulo
Rede de Educação Ambiental do Rio de Janeiro
Rede de Educadores Ambientais da Baixada de Jacarepaguá
Reserva da Biosfera do Pantanal
Reserva Ecológica de Guapiaçu – REGUA
Santuário Terra dos Bichos
SESBRA – Sociedade Ecológica de Santa Branca
Sociedade Angrense de Proteção Ecológica – SAPÊ
Sociedade Nordestina de Ecologia-SNE
TOXISPHERA – Associação de Saúde Ambiental
Uma Gota No Oceano
VIVA Baleias, Golfinhos & e cia
WWF Brasil