Roberto Resende*
A Iniciativa Verde está completando 11 anos em um momento bastante complexo. Ao mesmo a situação econômica e política no Brasil e no mundo marcou 2016, a questão ambiental também se tornou mais evidente. Apesar da importância das mudanças climáticas, ainda está se criando um consenso sobre as responsabilidades e sobre quais medidas devem ser tomadas para combatê-las.
Assim, podemos tentar o esforço de transformar a crise em oportunidade neste momento em que ficam evidentes as várias funções das organizações não governamentais (ONGs), com seus variados tipos e tamanhos. As ONGs podem combinar diferentes formas de atuação, e a implantação de projetos também pode contribuir com ações de educação. Elas podem gerar inovação de tecnologias e metodologias ao lado da geração de novos empregos e renda. Também são vetores de ação política e de mobilização. Essa combinação de ações é ideal em um enfoque no desenvolvimento sustentável, nas dimensões sociais, econômicas e ambientais.
Aqui, na Iniciativa Verde, fazemos tudo em conjunto. Sempre buscamos atuar por meio de parcerias com empresas, agricultores, órgãos públicos, instituições de ensino e pesquisa, além de outras ONGs.
Temos buscado cumprir esses diferentes papéis ao longo de nossa história. Inicialmente, focamos em compensação voluntária de emissões de gases de efeito estufa ao criar o Programa Carbon Free, um dos pioneiros em compensação de carbono no Brasil. Em seguida, realizamos estudos e inventários de emissões e lançamos o Programa Amigo da Floresta, que realiza a recuperação de florestas sem, necessariamente, esta estar atrelada à compensação ambiental.
Nos anos seguintes, concomitantemente com esses dois programas, desenvolvemos projetos mais amplos em porte e no tipo de intervenção – em geral, com recursos obtidos em editais públicos. Dessa maneira, foram executados projetos como o Restauração da Mata Atlântica, financiado pelo BNDES para a recuperação de florestas nativas, e o Plantando Águas, com patrocínio do Programa Petrobras Socioambiental, que incorporou ações de saneamento ambiental e fomento de sistemas agroflorestais voltados para agricultores familiares.
Exercitando nossa capacidade de adaptação, cada vez mais trabalhamos com compensações ambientais vinculadas ao licenciamento ambiental de empreendimentos, como é o caso do Programa Nascentes, da Secretaria do Meio Ambiente de São Paulo. Esse é um modo de reunirmos a prestação de serviços para empresas com o apoio à implantação de políticas públicas, contribuindo para a adequação ambiental de pequenos imóveis rurais e para a consolidação de Unidades de Conservação.
De modo combinado, buscamos ter uma atuação política, especialmente, em temas como as mudanças climáticas e a lei florestal. Para isso, participamos de órgãos como o Conselho Estadual de Meio Ambiente e Comitês de Bacia, e atuamos em articulações da sociedade civil como o Pacto pela Restauração da Mata Atlântica, Rede de ONGs da Mata Atlântica, Observatório do Código Florestal e Movimento Mais Florestas PRA São Paulo.
Ampliamos a nossa atuação com as novas ações complementando o que já fazíamos, e, há alguns anos, podemos agradecer por ser reconhecidos pelo meio empresarial como uma organização que realiza o trabalho socioambiental de maneira efetiva e transparente. Agora, ainda temos o grande desafio de consolidar a Iniciativa Verde na sociedade em geral para conseguir responder a todas essas diversas demandas e prosseguir na busca de nosso objetivo: recuperar as vegetações nativas, gerando renda no campo. Eis nossa contribuição para deixar um legado socioambiental mais justo para o Brasil.
*Agrônomo e presidente da Iniciativa Verde desde 2012.
2016: um ano de esforço e resiliência
2016: um ano de esforço e resiliência
Categoria(s): Arquivo
Publicado em 04/01/2017