Iniciativa Verde articula ampliação de áreas de restauração na Mantiqueira

Iniciativa Verde articula ampliação de áreas de restauração na Mantiqueira

Categoria(s): Arquivo, Carbon Free, Amigo da Floresta

Publicado em 30/07/2019

Equipe se reuniu com ONG do sul de Minas e prefeitura de Paraisópolis para discutir os desafios da restauração da Mata Atlântica

A Iniciativa Verde está expandindo sua área de atuação na Serra da Mantiqueira. No mês de julho, se reuniu com o grupo Dispersores, uma organização com sede em Brazópolis (MG) e articulação em outras 15 cidades do sul de Minas, para conhecer seus projetos de restauração em volta de nascentes e para desenhar possíveis parcerias. Também se encontrou com a prefeitura de Paraisópolis, cidade vizinha e que já trabalha com a Iniciativa em projetos de restauração florestal. Ambas as cidades estão dentro do plano Conservador da Mantiqueira, que pretende levar a experiência de Extrema e do projeto Conservador das Águas para toda a região de influência da Serra.

O potencial de restauração calculado pelo plano é enorme - juntando os mais de 280 municípios, chega-se a 1,2 milhão de hectares passíveis de virar floresta, em topos de morro, entornos de nascentes, matas ciliares e reservas legais de sítios. São áreas de baixa produtividade agrícola, mas que, preservadas, trazem benefícios imensos tanto para o proprietário quanto para a sociedade, sendo o mais imediato o aumento na oferta de água do local.

A estratégia do grupo Dispersores, inclusive, é a de conquistar proprietários falando sobre esses benefícios. “Nós divulgamos bastante para que as pessoas venham atrás do nosso trabalho já sensibilizadas, e assim não precisamos ultrapassar a barreira do convencimento. A mídia sensibiliza bastante, mas o que mais sensibilizou foi a falta d’água”, conta Diego Assini, um dos integrantes do grupo.


Técnicos do grupo Dispersores mostram área de nascente em recuperação

E assim eles começaram a implementar o projeto De Olho nos Olhos, que se dedica à restauração da mata no entorno de nascentes. “No começo ninguém queria fazer, aí o vizinho vê que está dando certo e passa a querer também”, relata Evandro Negrão. Hoje eles já iniciaram o processo de restauração de mais de 240 nascentes, com uma área protegida de 206 hectares, e têm até uma lista de espera de produtores rurais interessados em participar.

União de esforços pela restauração
Foi por conta dessa bagagem que o grupo chamou atenção da Iniciativa Verde, que tem como estratégia se aliar a organizações, empresas e poder público dos locais em que atua. “Ao invés de chegarmos de paraquedas nos lugares, procuramos firmar parcerias com quem já conhece aquela realidade”, explica Lucas Pereira, diretor da Iniciativa Verde. Um ponto de entrada comum é pelas prefeituras. O próprio Plano Conservador da Mantiqueira, que tem o apoio da Iniciativa, serve como mapa. Foi através dele que a organização chegou em Paraisópolis.

A intenção é fazer de Paraisópolis mais um centro de referência em restauração na região da Mantiqueira, inspirada em Extrema, mas com arranjos diferentes. “A região precisa de um outro piloto, com uma realidade mais parecida com a dos outros municípios. A maioria não tem os recursos de Extrema”, aponta Pereira. É aí que entra a união de atores que está sendo articulada.

No projeto de Olho nos Olhos, o grupo Dispersores oferece os recursos iniciais para a restauração, e a manutenção fica por conta do proprietário. Alguns conseguem ter sucesso, mas muitos não dão conta da mão de obra, e o desenvolvimento da floresta desacelera. Pela prefeitura de Paraisópolis, há uma equipe contratada para fazer a manutenção, mas não é suficiente para cuidar de perto de todas as áreas, e, quando a gestão é trocada, o trabalho fica suspenso, podendo demorar até dez meses para ser retomado. A Iniciativa Verde estuda, então, direcionar recursos do Carbon Free, seu programa de compensação de carbono, para viabilizar uma manutenção contínua, executada pelos Dispersores. “Projetos de carbono exigem acompanhamento bem próximo, e nem sempre isso é possível somente com as prefeituras, ou somente com um projeto. Entendemos que essa manutenção é essencial para garantir que o carbono será estocado, e por isso criar essa rede de atores é interessante”, completa o diretor.

Geraldo Goulart, secretário de meio ambiente de Paraisópolis, vê vantagens na proposta. “O que nós queremos, no fim, é árvore. Por isso que está sendo importante esse trabalho, para formar uma estrutura de apoio, dar continuidade e sustentabilidade para o trabalho” afirma.

Veja as áreas em que a Iniciativa Verde já está atuando em Paraisópolis: https://www.iniciativaverde.org.br/onde-plantamos-locais-detalhes.php?cod=99&bsc=ativar

 

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