Uma equipe internacional que veio participar do evento sobre segurança hídrica e infraestrutura verde “Unindo cidades e bacias hidrográficas para a segurança hídrica e a economia verde”, fruto da parceria entre a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SMA), a Forest Trends, o WRI (World Resources Institute) e a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), visitou diversos pontos do Sistema Cantareira no dia 23 de setembro. O roteiro incluiu a Estação Elevatória de Santa Inês, em Mairiporã (SP), as represas Jacareí e Jaguari, em Vargem (SP) e áreas de recuperação florestal dentro do Sistema Cantareira, no município de Joanópolis (SP).
Uma delas foi ao Sítio Santo Antônio onde a Iniciativa Verde plantou 6.664 mudas de espécies nativas da Mata Atlântica em quatro hectares, no entorno de nascentes. Os recursos para este plantio foram provenientes de compensação ambiental prevista no Termo de Compromisso de Recuperação Ambiental (TCRA) assinado com a Concessionária Move São Paulo, responsável pela construção da Linha 6 – Laranja do Metrô, por meio do Programa Nascentes do governo do Estado de São Paulo.
Além dos representantes da Iniciativa Verde e dos técnicos da Coordenadoria de Biodiversidade e Recursos Naturais (CBRN) da Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo (SMA), entre os 15 visitantes estavam presentes: Genevieve Bennett e Carlos Quintella, ambos da Forest Trends (Estados Unidos); Bert de Biévre, da CONDESAN (com atuação no Peru e no Equador); Jose Carlos Sacio, SUNASS (serviço de água de Lima, no Peru) e Marta Echavarria, EcoDecision (Equador). “Essas instituições que debatem questões relacionadas à infraestrutura verde e fornecimento de água em seus países tiveram a oportunidade de conhecer diversas questões e a atuação da Iniciativa Verde na região”, ressalta Pedro Barral, diretor florestal da Iniciativa Verde.
Durante a visita, os participantes ressaltaram a importância do reflorestamento da área para o abastecimento de água do local e da Região Metropolitana de São Paulo, afirmando que este trabalho deve ser feito o quanto antes, mas trará benefícios em maior volume em longo prazo. “Infelizmente, ainda não tive a oportunidade de ver de perto uma floresta de Mata Atlântica primária”, lamentou Echavarria. Fato que ressalta a importância de se preservar e recuperar as áreas degradadas – 40% do solo da região do Sistema Cantareira é usado como pastagens degradadas e pouco rentáveis. Isto mostra a vocação da área para receber programa de Pagamentos por Serviços Ambientais (PSA), o que auxiliaria na necessidade de água por parte da Região Metropolitana de São Paulo e em outros benefícios como a oportunidade de recuperar a água e gerar renda no campo na Região do Sistema Cantareira.
As visitas foram guiadas pela Iniciativa Verde em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Foram atividades dentro de uma parceria maior que envolve instituições de diversos países preocupadas com a questão da infraestrutura verde. “À qual a Iniciativa Verde soma”, destaca Roberto Resende, presidente da Iniciativa Verde.
“A infraestrutura verde é um conceito cada vez mais adotado na Europa e nos Estados Unidos, que busca integrar a conservação e recuperação da biodiversidade para a contribuir para a criação de uma economia sustentável ao manter os serviços dos ecossistemas e ao mitigar os efeitos adversos das infraestruturas do transporte e energia e do desenvolvimento econômico em geral”, explica Resende. É o manejo da paisagem combinando elementos naturais e construídos, a fim de proporcionar serviços ecossistêmicos essenciais para a sustentabilidade humana de longo prazo. Um exemplo são os parques urbanos, que possuem diversas funções (recreativas, proteção contra enchentes, regulação do clima, entre outras). Outro, bastante evidente no momento para São Paulo, é a recuperação das florestas e o adequado manejo das áreas agrícolas em regiões de mananciais.
Reflorestamento de 68,5 hectares no Sistema Cantareira
A Iniciativa Verde é uma das organizações do terceiro setor que recuperam áreas degradadas do bioma Mata Atlântica. Em dez anos de atividades, quase um milhão e meio de árvores foram plantadas – a maioria na região Sudeste do país. Entre todas essas mudas, 68,5 hectares foram recompostos no Sistema Cantareira – maior manancial que abastecia cerca de oito milhões de pessoas na Região Metropolitana de São Paulo e, hoje, está em uma situação bastante crítica.
Sabendo da importância do local, ainda mais neste momento em que a maior parte do estado de São Paulo se encontra em uma situação de crise de abastecimento de água, este ano a Iniciativa Verde está focando seus esforços em recompor a vegetação da região. Os benefícios são a longo prazo, mas para que se tenham eles, as ações devem começar o quanto antes.
Para chegar ao número de 68,5 hectares de Mata Atlântica, a organização combina diversos programas e projetos. Em primeiro lugar, 52 hectares foram recuperados com financiamento do programa Iniciativa BNDES Mata Atlântica nos municípios de Joanópolis e Nazaré Paulista (SP). Esta linha do BNDES é, neste momento, uma das principais ações de apoio à recomposição florestal no Brasil financiando a restauração de três mil hectares de florestas, sendo que 425 destes foram reflorestados sob a responsabilidade da Iniciativa Verde.
Outros 12,5 hectares foram recuperados no município de Extrema (MG) com financiamento do Programa Carbon Free, criado pela Iniciativa Verde para compensar voluntariamente as emissões de atividades humanas. E, por fim, mais quatro hectares foram recompostos por meio do Programa Nascentes do Governo do Estado de São Paulo, o qual permite a compensação de obrigações de recuperação florestal de grandes empreendimentos por meio de projetos de recuperação florestal organizados por ONGs.
Agora, os trabalhos continuam. Apenas por meio do Programa Nascentes, a Iniciativa Verde já tem cadastrados 16 hectares, outros 20 hectares estão em processo de elaboração de projeto técnico. A maior parte dessas propriedades é de pequenos produtores rurais que sabem da importância da recuperação das áreas de matas ciliares para sua própria atividade e para a sociedade em geral. Unidos, a Iniciativa Verde e seus parceiros (sejam eles proprietários rurais, financiadores, governo) semeiam um mundo com melhor qualidade de vida. Plantam águas.