Desde 2017, o programa Carbon Free, da Iniciativa Verde, tem levado recursos para a implementação de 36 hectares de agrofloresta em assentamentos rurais na Amazônia, nos arredores de Altamira (PA). Além de fixarem carbono, as árvores plantadas vão ajudar a recuperar o solo degradado no entorno de nascentes e margens de igarapés, e, com a introdução de espécies produtivas, oferecem uma oportunidade de extração de renda sustentável para as famílias. Açaí, cacau, banana, cupuaçu, goiaba, mandioca e urucum são alguns dos produtos que já podem ser colhidos nas áreas do projeto.
O trabalho é desenvolvido em parceria com o Instituto de Pesquisa Ambiental na Amazônia (IPAM), que presta assistência técnica às 29 famílias de assentados rurais participantes. O IPAM é um expressivo e qualificado ator local, como define Jéssica Campanha, gestora do Carbon Free que visitou as áreas no final de abril. Ela e Ana Beatriz Tukada, engenheira florestal da Iniciativa Verde, puderam ver - e provar - os frutos dos plantios. “Deu para ver o quanto os recursos que a gente captou pelo Carbon Free impactaram a região”, descreve Ana.
Jéssica Campanha, gestora do Carbon Free, com fruto de cacau de um sistema agroflorestal
Restauração na Amazônia
O cenário inicial era de bastante degradação. Historicamente, a região da Transamazônica recebeu diversos incentivos para um modelo de ocupação que derrubava floresta, e o resultado é a diminuição ou perda de muitos corpos d’água, e um solo nada fértil, que faz do restauro um processo trabalhoso. Além dessa dificuldade, a região também é carente de assistência técnica rural.
Jéssica conversou com os agricultores sobre essas dificuldades, como o projeto pode melhorar e ajudá-los. “Vários deles só pedem que o projeto e as visitas não acabem, muitos só têm os dois técnicos do IPAM que acompanham a área. É uma realidade muito difícil”, relata.
Realidade que Denise do Nascimento, coordenadora técnica dos projetos do IPAM na Transamazônica, está vendo mudar. Ela dá o exemplo do seu Zé Vaqueiro: antes ele praticamente só sobrevivia com os ovos das galinhas de seu lote. Conversando com os técnicos sobre sistemas agroflorestais e como tirar valor da floresta, ele passou a colher e vender frutos que já davam no seu sítio. “Ele fez 1500 reais ano passado, só de fruto de caju. E 600 da castanha. Está fazendo queijo, coisa que não fazia”, diz Denise. O objetivo do IPAM na região é justamente este: recuperar as áreas degradas e mostrar uma fonte de renda alternativa e sustentável para os assentados.
Urucum de agrofloresta na região da Transamazônica
O projeto também está reverberando na região. Denise conta que depois da entrada do Carbon Free, lotes que raramente recebiam visitas passaram a atrair outras instituições, de ensino ou do terceiro setor. “Nosso trabalho está se disseminando. Futuramente isso vai acontecer com todos os agricultores, porque é um projeto inovador para nossa região. Não temos outro trabalho como esse”, afirma a coordenadora.
Na outra ponta, das empresas que financiaram os projetos voluntários de compensação, o Carbon Free tem tido o mesmo efeito. O assessor de eventos Roberto Fuentes comenta os resultados do projeto dentro da Associação Brasileira de Engenharia de Produção. “O selo contribuiu não apenas para melhorar e otimizar nossos processos internos, mas para conscientizar a congressistas e colaboradores a aplicar práticas sustentáveis e comprometidas com o meio ambiente”, relata.
Os plantios do Carbon Free na Amazônia podem ser acompanhados pelo site da Iniciativa Verde, através dos IDs 82 e 94.
Equipe do IPAM, Iniciativa Verde e assentados participantes do Carbon Free Amazônia