Projeto da Esalq/USP em parceria com a NWO (Conselho de Pesquisa Holandês na sigla inglesa) analisa primeiras áreas de restauração florestal da Iniciativa Verde. No último mês de abril, pesquisadoras do grupo NewFor fizeram coletas de campo em áreas do Sítio Escola São João, onde estão os primeiros plantios do programa Carbon Free, feitos em 2006.
Foram duas semanas de trabalho na propriedade de Flávio Marchesin, localizada nos arredores de São Carlos (SP), a 230 Km da capital paulista. A dupla Luana de Carvalho e Isabella Oppici - com auxílio da equipe técnica da Iniciativa Verde e apoio das mãos gentis dos donos do Sítio - extraíram amostras de serrapilheira, solo, vegetação, além de estudarem o estado dos espécimes florestais das áreas de restauro.
Coleta de serrapilheira
Como explica Luana, o projeto tem como objetivo avaliar diferentes tipos de paisagens florestais no estado de São Paulo. E ela já adianta que os bosques do Sítio Escola São João estão visivelmente bem avançadas em termos de restauração.
Todo este material agora está em análise no Lastrop (Laboratório de Silvicultura Tropical) da Esalq/USP. Com estas informações será possível ter estimativas da diversidade de espécies, composição química do solo e até da quantidade de carbono que a floresta sequestrou.
Coletas de solo
As conversas entre a NewFor e a Iniciativa Verde em torno deste projeto começaram ainda em 2019, como lembra Pedro Barral, diretor florestal da ONG. Entretanto, tiveram de ser postergados por conta dos efeitos da pandemia.
Seu Flávio se anima com as perspectivas das análises de campo: “Com certeza vai sair muita coisa dessa pesquisa para gente saber como vai nossa floresta. E é um orgulho né, eles falarem que a nossa floresta está excelente. Porque a gente não tem noção. Sabemos que cresceu, que está bonita, mas tem coisas mais detalhadas aí que não vemos.” A história dele com projetos sustentáveis, inclusive, começa praticamente junto com a da Iniciativa Verde.
Coletas de solo
Ele conta que soube que a ONG buscava áreas para restauração florestal quando era vendedor de etiquetas. Em uma conversa de balcão, conseguiu o contato de Osvaldo Stella, um dos fundadores da Iniciativa.
Após rápidas conversas, seu Flávio, então, cedeu áreas da propriedade para os primeiros plantios de compensação de carbono do Carbon Free. Mas não parou por aí. Ele ajudou a convencer mais 8 proprietários locais a plantarem árvores com a Iniciativa Verde.
Medição de indivíduos com 5cm ou mais de diâmetro
Além disso, muito ligado em ideias inovadoras, seu Flávio tem investido em tecnologias sustentáveis há muito tempo. Fora a fossa biodigestora, que faz o tratamento do esgoto desde 2001, hoje se veem composteiras, jardins filtrantes, pomares agroecológicos. Muitos dessas inciativas foram implementadas pelo projeto Plantando Águas, da Iniciativa Verde, fazendo do Sítio um excelente espaço para educação ambiental.
Hoje, o Sítio Escola São João é uma referência no tema. Até 2019, a propriedade recebeu cerca de 25 mil visitantes. A pandemia, claro, infelizmente fez as atividades serem suspensas. Porém, as perspectivas para o futuro são muito otimistas. “Faz dois anos que estamos parados. Mas agora estamos superanimados”, diz seu Flávio.
Coleta botânica de pelo menos um indivíduo de cada espécie que existe na parcela
O otimismo dele se fundamenta principalmente ao ver seus filhos interessados em dar continuidade aos trabalhos do Sítio. “É difícil hoje você ver na área rural um jovem se interessar, a cidade tem muita coisa mais 'atraente'”, ele comenta. No entanto, a filha dele está cursando gestão ambiental e o apoia em questões de planejamento enquanto o filho está bem engajado no trabalho de campo. Quanto aos dados do estudo da NewFor, espera-se que fiquem disponíveis em cerca de três meses.